Sempre
que pensamos em colecionar algo, naturalmente vem a nossa mente, coisas bonitas,
interessantes, algo que desperte o nosso desejo, algo que nos remeta a bons
momentos, boas lembranças. Coleções muitas vezes nos lembram de algo
relacionado a infância. Qual criança nunca colecionou figurinhas, papéis de
carta, carrinhos !? São infinitas possibilidades. Mas, suponho que ninguém pense
em colecionar coisas ruins, tristes ou feias.
Mas, hoje quero falar de coleções que
nem sempre queremos ou buscamos. Coleções de fracassos. Sim, às vezes, inconscientemente
somos colecionadores de fracassos. Aos nossos olhos ou até mesmo aos olhos das
pessoas que nos cercam, nossa vida se resume a fracassos recorrentes. Tudo
parece dar errado, aparenta não ter solução, parece que as coisas não mudam e
tudo se repete por várias e várias vezes.
Coleções intermináveis de situações mal
resolvidas, de lágrimas silenciosas, de frustrações, decepções, de
incapacidade. Áreas de nossas vidas que são motivo de vergonha, de acusação, de
confronto. Onde parece não haver êxito algum. Foi em uma situação assim, que a
frase do título veio à minha mente: “ Colecionadores de fracassos” e por muitos dias meditei a respeito do que
tal frase significava. A princípio, pensei no óbvio, na verdade explícita da
realidade de pessoas que vivem uma vida carregada de fracassos, de quedas, de
dores, de culpas, de estagnação... Mas, ao lembrar de uma história bem
conhecida da Bíblia, me deparei exatamente com alguém, que também vivia uma
realidade de colecionadora de fracassos e que teve a oportunidade de ter sua
vida transformada, de fracassada para verdadeira adoradora, alguém que recebeu de
Jesus a água viva que preencheu completamente todo o vazio que havia naquela
alma destruída pelas frustrações da vida.
Sim, a mulher samaritana, famosa pelo
diálogo que teve com Jesus no poço de Jacó, era uma colecionadora de fracassos.
Pense comigo, se nos dias de hoje ha julgamento e acusações diante de
casamentos destruídos, imagina no tempo da Bíblia, quando essa realidade era
ainda mais difícil, principalmente tratando-se das mulheres. Hoje, mulheres são
de certa forma independentes e imponderadas, mas, no passado, a maioria era
totalmente dependente do marido e ficava desamparada, em um contexto de
divórcio. Enfim, a mulher samaritana convivia com a realidade de ter passado
por 5 divórcios e ainda viver uma situação em que nem esposa era mais, pois,
diante de tantos fracassos em sua vida sentimental; talvez por ter desistido de
tantas tentativas frustradas; agora, se
sujeitava a uma vida totalmente errada para os padrões morais da época. O relato não deixa claro se essa mulher era
uma amante ou se simplesmente vivia um relacionamento amasiado, mas, de
qualquer maneira, pelas atitudes dela, podemos concluir que não vivia de forma confortável e digna. Provavelmente
convivia diariamente com olhares e comentários maldosos. O que fica evidente
através do horário que essa mulher foi ao poço buscar água, exatamente no
momento mais quente do dia e evidentemente também, o mais vazio. Com certeza
essa mulher fazia tudo que estava ao seu alcance para se esconder e tentar
evitar os muitos julgamentos e condenações que enfrentava cotidianamente. Ela
transparece todo o cansaço, toda falta de esperança, todos os fracassos
colecionados no decorrer de sua vida.
Não se sabe em que circunstâncias seus
casamentos haviam terminado, mas até para os dias de hoje, 5 relacionamentos
destruídos é um número considerável. Podemos imaginar que, naturalmente, essa
mulher convivia ha tempos com a sensação interminável de inadequação, de não se
encaixar, de falta de valor, de rejeição e tantos outros sentimentos ruins.
Ela não é tão diferente de nós. Diante
de coleções questionáveis, de vida em
frangalhos, é normal buscarmos por lugares onde possamos nos esconder. E
escondemos até de nós mesmos. Porque enfrentar os fracassos não é fácil. O confronto
com a verdade que grita em nossa alma é insuportavelmente dolorido e apenas a
água viva que o Mestre nos oferece, é capaz de acalmar toda tempestade de nosso
interior. É capaz de transformar derrota em vitória, transformar “água em vinho”,
tristeza em alegria.
Somente o encontro com o Mestre, mesmo nos lugares mais escondidos ou
improváveis, é capaz de ressignificar nossas
coleções de fracassos e dar-nos um novo
sentido de viver!
“Jesus disse: Quem
beber desta água terá sede outra vez mas quem beber da água que eu lhe der
nunca mais terá sede ao contrário a água que eu lhe der se tornará uma fonte de
água em seu interior jorrando para a vida eterna.” ( João 4: 13 e 14)
JOSI🦋
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