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NA CASA DO OLEIRO

 

 

              Temos vivido, como nunca antes, tempo de confronto. Não sabemos por qual motivo isso tem ocorrido, mas está muito claro que, de alguma forma, precisamos “reviver” algumas experiências de nossas vidas. Assim como o profeta Jeremias geralmente profetizava, usando exemplos de sua própria vida, creio que assim tem sido conosco. Talvez seja esse, um dos motivos de estarmos revivendo nossas histórias, tantas e tantas vezes. Tenho me sentido, literalmente como o barro que o profeta Jeremias viu nas mãos do oleiro. O vaso que se quebra e é refeito, inúmeras vezes.

“Esta palavra veio a Jeremias: “Levanta-te e desça a casa do oleiro e ali

 Eu direi mais a você”. Então desci a casa do oleiro; ele estava lá,

trabalhando com a roda. Toda vez que o vaso feito por ele ficava

imperfeito, o oleiro pegava o barro e fazia outro vaso com ele,

dando-lhe a forma que desejasse.”         (Jeremias 18: 1 a 4)

 

 

          Sim, somos vasos imperfeitos, quebrados e refeitos pelas mãos do “Oleiro”, criador de todas as coisas. O Oleiro que cria também, aquilo que julgamos imperfeito, inadequado... Note que o vaso não apresenta defeito em qualquer lugar, ainda estava nas mãos do oleiro. Nas mãos do oleiro o barro se quebra, apresenta imperfeições e precisa ser novamente moldado.

          As vezes temos a falsa ilusão de que, quando nossas vidas estão nas mãos de DEUS, tudo ocorre na mais perfeita sintonia. Nada se quebra, tudo é lindo, adequado e perfeito. Mas é exatamente aqui, que nos enganamos e colocamos em nós mesmos um peso e necessidade de perfeição, impossível de ser alcançada. Não somos perfeitos e o Oleiro sabe bem que, nossa estrutura frágil é de barro.

 

“Para que saiba desde o nascente do sol e desde o poente, que

fora de mim não há outro, eu sou o Senhor e não há outro.

Eu formo a luz, e crio as trevas, eu faço a paz, e crio o mal;

eu o Senhor, faço todas as coisas.

Ai daquele que contende com o seu criador! O caco entre outros

 cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que

 fazes? Ou a tua obra: Não tens mãos?”       (Jeremias 45: 6,7 e 9)

 

 

          Fica bem evidente que, mesmo nossos piores momentos, os cacos de nossas vidas... Tudo está exatamente nas mãos e controle de DEUS. É inconcebível a ideia de questionar o agir do nosso Oleiro. Só Ele sabe verdadeiramente o que faz e o que a nós parece imperfeito, injusto, mal... Na concepção dEle é totalmente diferente. Só Ele sabe qual objetivo, qual propósito terá o “vaso” que está sendo criado e muitas vezes o que julgamos imperfeição, será exatamente o que terá de especial naquele vaso.

          E assim somos nós, cheios de marcas, de cicatrizes, que acreditamos erroneamente estragar nosso propósito, mas aos poucos vamos percebendo que, são exatamente essas imperfeições que nos fazem únicos e úteis para o cumprimento do propósito, para satisfação da vontade do Oleiro.

          Como vasos quebrados e refeitos, as vezes nos deparamos com nossas próprias marcas e enxergamos quem somos. Cicatrizes que, até tentamos esconder e supostamente, até conseguimos por tanto tempo.

          No tempo de ser moldado como barro, não enxergamos nossas falhas, nossas quedas, nossas tristezas... Em nossa imatura fragilidade, tentamos omitir que estamos quebrados. Mas com o tempo, quando o barro vai tomando forma de vaso nas mãos do Oleiro, é impossível não enxergarmos todo o processo que passamos e que nos fizeram ser quem somos. Com a restauração de nossa identidade, percebemos que na realidade, não é vergonha ter se quebrado um dia, não é vergonha ter sido traído, nem mesmo ter traído, não é vergonha ter sofrido tanto com cada inevitável quebra.

          Somos quebrados quando se trai tudo o que construímos; quando temos que recomeçar do zero; quando não acreditamos mais em nós mesmos; quando nos culpamos por nossa fragilidade; quando “morremos” aos poucos, mesmo estando vivos; quando queremos “apagar” o que passou; quando somos roubados de nós mesmos; quando temos vergonha de nossos cacos; quando não acreditamos mais que há possibilidade de cumprir um propósito.

          É nesse confronto com nós mesmos, onde reconhecemos que, os defeitos, nas mãos do Oleiro, nos tornam mais preciosos e únicos que enxergamos a bondade do Oleiro, que não joga o barro fora, não descarta no lixo, mas continua nos refazendo, nos moldando, até que seja possível cumprir através de nós, algo bom e agradável a Ele!

 

“Mas agora, ó Senhor, tu és nosso Pai,

nós o barro e tu és o nosso oleiro,

e todos nós a obra de tuas mãos.”    

 (Isaías 64:8)

 

Temos, porém, este tesouro em vasos de barro,

Para que a excelência do poder seja de Deus,

e não de nós.”                           (II Coríntios 4:7)

 

 

“Estou convencido de que aquele que começou

 boa obra em vocês, vai completá-la até o dia

de Cristo Jesus.”                     (Filipenses 1:6)



JOSI🦋 

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