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SÓ AGORA MEUS OLHOS TE VEEM


“Então Jó abre seu coração diante de Deus e declara: Sei que podes realizar tudo quanto desejares; absolutamente nenhuma das tuas ideias e vontades serão frustradas! Tu questionaste: ‘Quem é este que sem conhecimento obscurece o meu conselho?’ De fato falei do que não entendia, abordei assuntos sobremodo complexos sem a devida sabedoria. Tu ordenaste: ‘Agora, pois, ouve-me, e Eu falarei; Eu te questionarei, e tu me responderás!’

De fato, meus ouvidos já tinham ouvido a teu respeito; contudo, agora os meus olhos te contemplaram! Por essa razão menosprezo a mim mesmo e me arrependo sinceramente no pó e na cinza.” 

(Jó 42:1 a 6 / King James Atualizada)

 

Acredito que essa seja a mais famosa declaração de alguém que teve um encontro tão real com o ETERNO, a tal ponto de entender plenamente a diferença de SEGUI-LO pelo conhecimento alheio, somente de ouvir falar e SEGUI-LO pela convicção de CONHECÊ-LO verdadeiramente, de VÊ-LO com os “próprios olhos”.

A história de Jó é tão extraordinária e ao mesmo tempo tão familiar a tantos de nós, seres humanos que dizemos conhecer ao ETERNO, que chega a ser intrigante. Até que ponto podemos dizer que realmente O conhecemos? O que precisa acontecer em nossas vidas para que algo dentro de nosso coração possa ENXERGA-LO verdadeiramente?

O que mais me intriga na história desse homem espetacular é o fato de que já no primeiro versículo ele é apresentado de maneira superior a maioria dos homens comuns. A Palavra diz que ele era íntegro e reto, temente a DEUS e se desviava do mal. No versículo 8 do primeiro capítulo, o próprio DEUS dá testemunho desse homem a Satanás, enfatizando que  não havia na terra ninguém semelhante a ele. Jó é conhecido até os dias de hoje como o homem paciente, que não pecou contra DEUS, apesar de todo mal que viveu. E antes mesmo de ter sua sorte mudada e ter o dobro de tudo o que antes possuíra, Jó declarou que apesar da vida íntegra que vivia, somente nesse momento conturbado de sua vida havia conhecido a DEUS realmente. Então, surge a dúvida: o que faltava a esse homem para que tivesse uma vida plena com o ETERNO?

Antes que possamos concluir, outra história muito conhecida poderá nos proporcionar um paralelo interessante na busca de resposta para essa indagação.

Estudando sobre a vida de Marta dias atrás, algo chamou-nos a atenção e ligou-a automaticamente a realidade de Jó.  Marta também era uma mulher íntegra e reta, temente a DEUS e desviava-se do mal e mesmo assim, não conhecia ao ETERNO verdadeiramente. Como tiramos tais conclusões?

Pois bem, “pelos frutos se conhece a árvore”, a vida dessa mulher deixa muito claro cada fase que ela vivia e qual foi o momento crucial onde teve convicção verdadeira de que SEGUIA mais do que uma ilusão, realmente ela andava com o filho de DEUS. Ela teve o privilégio de andar com o mestre Yeshua, conhece-lo face a face, fazer parte da implantação do Reino do ETERNO aqui na Terra. Mas, não foi algo tão simples para essa mulher confiar verdadeiramente sua vida a essa verdade.

A história de Marta e sua irmã Maria, é bastante conhecida e muitas pregações são baseadas nessa passagem, a maioria no intuito de criticar essa mulher. Mas hoje, queremos olha-la por uma ótica diferente. Queremos mostrar através dessa mulher “preocupada e inquieta com muitas coisas”, um reflexo de nós mesmos.  Ela representa-nos em nossa própria dureza de coração. Preste atenção a esse episódio:

 

Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado, onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo o que Ele ensinava. Marta estava inquieta, ocupada com os muitos afazeres. E, aproximando-se de Jesus inquiriu-lhe: “Senhor, não te importas de que minha irmã tenha me deixado só com todo o serviço? Peça-lhe, portanto, que venha ajudar-me!” Orientou-lhe o Senhor: “Marta! Marta! Andas ansiosa e te afliges por muitas razões. Todavia, uma só causa é necessária. Maria, pois, escolheu a melhor de todas, e esta não lhe será tirada”. 

(Lucas 10:37 a 42 / King James Atualizada)

 

Podemos perceber nesse relato o quão familiar que Marta parece-nos. Era uma boa mulher, tratava seus convidados com hospitalidade, queria oferecer o melhor a eles e nesse anseio de agradar acabou fazendo algo muito comum a própria humanidade latente em seu ser. Ela, não só criticou a irmã que não a ajudava naquele momento, como criticou o próprio mestre Yeshua que apoiava a atitude de Maria e ainda intentou dar a ele uma ordem para que apoiasse o pensamento “certo” dela. No ponto de vista de Marta, a irmã estava totalmente errada e no fim das contas, a culpa era do mestre que permitia tal erro. Faz-nos lembrar da história de Adão e Eva, que da mesma forma, instintivamente guiados pela humanidade carnal que passou a habitar neles, culparam o próprio DEUS da situação que viviam.

E quantas vezes somos semelhantes a Marta!? Estamos tão próximos do Reino de DEUS, mas não conseguimos enxerga-lo. Mediante nossas próprias convicções, chegamos ao ultraje de culpar a DEUS por aquilo que não é da maneira que queríamos que fosse.

Mas, não podemos criticar Marta por ser humana, ainda não havia chegado o tempo de conhecer verdadeiramente quem falava com ela. Podemos entender que cada pessoa tem um tempo certo de conhecer a verdade, um tempo certo de “escolher a melhor parte”, de adorar verdadeiramente e derramar a alma perante o CRIADOR.

O próximo texto que iremos analisar sobre Marta, deixa bem claro que Yeshua a amava, apesar de saber que ela ainda não o amava inteiramente. Em João 11, conta-nos a emocionante história da ressurreição de Lázaro, o irmão de Marta e Maria. Também nos é revelado que essa Maria é a mesma que derramou perfume e enxugou os pés do mestre com os próprios cabelos. Interessante pautar, que tal fato ainda não havia acontecido, mas, muito além de um perfume derramado, o precioso coração de Maria já se encontrava os pés do mestre e algumas atitudes seguintes deixam isso muito claro.

 Voltando ao relato da ressurreição, logo no início diz que certo homem estava doente e as irmãs enviaram mensagem a Yeshua dizendo: “Senhor, o homem que você ama está doente”. Talvez o intuito dessas irmãs fosse enfatizar o amor do mestre pelo amigo para que ele rapidamente fizesse algo que impedisse a morte iminente. Mas, não sabiam que o plano do ETERNO em estabelecer Seu Reino, ia muito além de uma cura, mas apontava a glória de DEUS e de seu filho Yeshua.

Diante da mensagem das mulheres, algo foi deixado muito evidente, o mestre não amava só a Lázaro; algo que as irmãs talvez pensassem; mas amava também a Marta, apesar de suas falhas e a Maria, além de sua entrega e certa escolha. Cada um deles era visto de uma forma, mas ele amava a todos da mesma maneira. Yeshua pacientemente trabalhou e moldou o coração de cada um.  Lázaro era o amigo, que estava preparado para morrer para que o filho de DEUS fosse glorificado. Maria era aquela que se derramava e tinha prazer na Lei do SENHOR. Marta era como a maioria dos humanos, o coração mais duro e sensato, que esperava o Reino, mas, não entendeu quando o mesmo chegou a ela. Esses três irmãos tiveram o privilégio de adorar ao ETERNO em espírito e em verdade, quando se dispuseram a confiar verdadeiramente no mestre.

O primeiro ensinamento que temos com Marta é que, em seu espírito inquieto dava ouvido a muitas vozes. Até aquele momento, mesmo depois da correção que Yeshua havia lhe feito, ela não conseguia se aquietar. Prestava atenção a tudo ao seu redor, ao contrário de Maria, que diante da morte de seu irmão, permaneceu tranquila e obediente ao mandamento do ETERNO. No versículo 20 diz que ela permaneceu sentada em casa, cumprindo o período de shiv’ah (do hebraico שבעה "sete", é o nome dado dentro do judaísmo para se referir ao período de sete dias de luto mantidos pela morte de uma pessoa próxima).

Dar ouvido a muitas vozes é algo perigoso, sempre há uma possibilidade de dar crédito a voz errada. Maria sabia que a única voz verdadeira que deveria escutar era a do mestre, que sempre ensinou a seguir os mandamentos do ETERNO, então não havia motivos para seguir conselhos que poderiam tirá-la do lugar de obediência que ela havia encontrado.

Pela misericórdia do ETERNO, Marta, apesar de ter descumprido um ensinamento, foi ao encontro do mestre. Mais uma vez Marta, carregada de “certezas”, achismos e características próprias de seu caráter forte, tentou confrontar o mestre e culpa-lo da morte de Lázaro:

Disse Marta a Jesus: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, seja o que for que pedires a Deus, Ele te dará.” Jesus então assegurou-lhe: “O teu irmão ressuscitará!” E Marta lhe disse: “Eu sei que ele vai ressuscitar na ressurreição, no último dia.”  (João 11:21 a 24)

Interessante analisarmos que, até esse momento, Marta, assim como Jó, disse coisas maravilhosas demais, coisas que ouvia falar, mas que, na realidade não acreditava verdadeiramente. O que fica muito claro com a conclusão do diálogo:

Esclareceu-lhe Jesus: “Eu Sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, mesmo que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Tu crês nisso?” Ela lhe afirmou: “Sim, Senhor, eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo.” (João 11:25 a 27)

Interessante sentirmos a paciência e amor do mestre demostrado nessa conversa. Diante de toda acusação, de tudo o que Marta julgava saber, ele ainda deu-lhe uma chance de analisar a si mesmo e constatar se tudo o que ela ouvia falar era realmente o que acreditava. Percebemos na resposta de Marta, certa divergência a pergunta feita, mas ali, diante da face do mestre, olhando somente para ele, ela teve a oportunidade de enxergar a VERDADE e reconhece-lo verdadeiramente como filho de DEUS.

Depois disso, a história diz que ela foi pra casa; possivelmente retomar o lugar de obediência a Lei, guardando o período de luto. Chamou particularmente sua irmã e disse que o mestre a chamava. Só diante da voz de Yeshua que Maria se levantou. Ela reconheceu que essa era a única voz que poderia sobressair a Lei dada anteriormente.

A atitude de Maria foi totalmente diferente da de Marta. Apesar de ter dito a mesma frase que a irmã quando viu o mestre, como de costume prostrou-se aos seus pés. Tal entrega de Maria comoveu e agitou o espírito do mestre a ponto de fazê-lo chorar.

O relato prossegue com Yeshua aproximando-se do sepulcro de Lázaro e ordenando que tirassem a pedra. Nesse momento, Marta novamente aparece e deixa transparecer sua natureza humana que insistia em duvidar:

 

Determinou Jesus: “Tirai a pedra!” Preveniu-lhe Marta, irmã do falecido: “Senhor, ele já cheira mal, pois já se passaram quatro dias.” Encorajou-a Jesus: “Eu não te falei que, se creres, verás a glória de Deus?” (João 11: 39,40)


Depois que atenderam a voz do mestre e removeram a pedra que fechava o sepulcro de Lázaro, não só Marta viu a glória de DEUS, mas a multidão que estava presente pode testemunhar um grande milagre de ressurreição que possibilitou a conversão de muitos judeus a Yeshua.

Um tempo depois percebemos claramente a mudança genuína na vida de Marta. No capítulo 12 de João, conta que, depois desses acontecimentos, prepararam um jantar em honra a Yeshua e a atitude de cada um dos irmãos mostra muito sobre tudo o que mudou naqueles corações.

 

“Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi para Betânia, onde estava Lázaro, que havia morrido e fora ressuscitado dentre os mortos. Então, ofereceram-lhe um jantar; Marta servia, enquanto Lázaro era um dos convidados, sentado à mesa com Jesus. Maria pegou uma libra de bálsamo de nardo puro, um óleo perfumado muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos. E a casa encheu-se com a fragrância daquele bálsamo.”

 (João 12: 1 a 3)

                                                                                       

Percebemos nesse breve relato que os três ofereceram algo para o mestre, igualmente honroso e valoroso aos olhos de Yeshua. A primeira a ser citada foi exatamente Marta, ela servia a refeição. A palavra limita-se a dizer que ela servia, mas conhecendo essa mulher podemos entender que agora ela servia com alegria, sem importar com as pessoas ao seu redor, ela queria tão somente agradar ao mestre e fez o que melhor sabia fazer, servir com dedicação e agradecimento, honrando verdadeiramente seu convidado ilustre.

Lázaro agora, além de amigo, era um convidado sentado a mesa com Jesus. Foi achado digno de compartilhar os segredos mais profundos, viver a comunhão e privilégio de ouvir de perto e desfrutar de tudo o que o mestre tinha a ensinar. Ele viveu, além do milagre da vida, o milagre de ver seu testemunho espalhar-se entre multidões. Através do milagre na vida de Lázaro surgiu a primeira evidência de que a mensagem de Yeshua iria espalhar-se por todo o mundo. Os fariseus reconheceram que o “mundo inteiro iria atrás de Yeshua” e constatando essa revelação, a partir desse milagre, os judeus de língua grega quiseram também conhecer o mestre.

 

“Assim sendo, a multidão que estava com Ele, quando mandara Lázaro sair do sepulcro e o ressuscitara dos mortos, continuou a testemunhar o ocorrido. Por essa razão, um grande número de pessoas saiu ao encontro de Jesus, pois ouviu que Ele realizara esse milagre. Todavia, os fariseus comentavam uns com os outros: “Vós percebestes como nossos esforços são inúteis. Atentai! Eis que o mundo todo vai após Ele!” Jesus veio para todos os povos. Entre os que subiram para adorar a Deus durante a festa da Páscoa estavam alguns gregos. Eles se dirigiram a Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e lhe rogaram: “Senhor! Nós desejamos ver Jesus.” Filipe foi e contou a André, e André e Filipe comunicaram o pedido a Jesus. Jesus lhes respondeu: “Chegou a hora em que o Filho do homem será glorificado.”

                                        

                                                (João 12: 17 a 23)

 

 

E o que dizer de Maria? Ela prosseguiu em conhecer ao SENHOR, entregando a ele seu coração quebrantado e dedicando a ele toda a sua verdadeira adoração. Mais do que lavar e perfumar os pés do mestre, a fragrância exalada através de sua vida reflete nitidamente como espelho, revelando o poder de manter-se aos pés do mestre, desfrutando de todos os seus preciosos ensinamentos que são muito mais valiosos do que qualquer perfume caro e extraordinário.

Acredito que agora, diante dessas coisas, podemos enfim entender em parte o que faltava a Jó quando confessou que só conhecia a DEUS de ouvir falar. O mesmo fator foi fundamental para a vida plena de Marta, Lázaro e Maria: “Conhecer e prosseguir em conhecer a DEUS”.

 

“Conheçamos e prossigamos firmemente adorando e conhecendo o SENHOR. Tão certo como nasce o sol, sua vinda ocorrerá sobre todos nós como as boas chuvas que vivificam a terra nos tempos apropriados!”

                                     (Oséias 6: 3 / King James Atualizada)

 

Essa tem sido a realidade da maioria daqueles que se intitulam crentes, conhecem a DEUS de ouvir falar, sem na realidade ter um encontro real com o SENHOR. Limitam-se a serem bons, íntegros, a desviarem-se do mal, a servirem, a serem amigos e até, na melhor das hipóteses, a se lançarem de vez em quando aos pés do mestre. Mas, não tem prosseguido firmemente adorando e conhecendo o SENHOR...

Esse texto de Oséias traz uma grande revelação que vai de encontro ao que descobrimos sobre as fases vividas por cada um dos personagens citados. Quando prosseguimos em conhecer ao SENHOR, uma promessa é liberada: “Ele vem sobre todos nós como boas chuvas em tempos apropriados”, Aleluia!

Enfim, Ele conhece o tempo apropriada de cada um e pacientemente nos atrai com amor eterno. Um texto maravilhoso que exemplifica bem esse amor encontra-se também em Oséias:

 

“Todavia, eu ensinei-os .... a andar; tomei-os nos meus braços; mas não entendiam que eu os curava.   Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor; e fui para eles como os que tiram o peso do jugo, e me inclinei para lhes dar de comer. “(Os 11: 3,4)

 

 

 

JOSI😉

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